domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eficácia da punição e outros valores

B. F. Skinner dizia que punir comportamentos desadequados é uma má estratégia para os alterar porque:
  1. Limita o seu objectivo à supressão do comportamento e não à aprendizagem de um novo mais desejável.
  2. Suprime-os no curto prazo, mas é duvidosa a sua eficácia a médio e longo prazo.
  3. Provoca o emergir de emoções e de sentimentos de rancor, vergonha e agressividade no aprendente.
  4. Promove comportamentos de evitamento e de fuga, pouco úteis em situações de aprendizagem.
  5. Vai desenvolvendo hábitos nos punidores.

Refira-se que tudo isto tem tido o apoio empírico da investigação, tanto em seres humanos como em animais.
Claro que Skinner refere isto no âmbito de uma teoria da aprendizagem apenas. No fundo, ele diz que, se o nosso objectivo é que ocorra a aprendizagem de um comportamento correcto, então uma forma mais eficaz de o conseguir é reforçá-lo positivamente quando ele ocorre, ou quando o aprendente revela mudanças no sentido de se aproximar dos comportamentos correctos. Deste modo, o aprendente tem indicações úteis e fiáveis que o orientam com segurança para a aprendizagem adequada.

Só que o que muitas vezes está em jogo não é só a aprendizagem.
Logo à partida, muitas vezes pretende-se apenas isso mesmo, suprimir um comportamento (por exemplo, conseguir que os condutores não excedam os limites de velocidade).
Mas há também que garantir um sentido moral para a existência. Isto é, garantir que um mau comportamento é devidamente reconhecido (tal como o bom comportamento), proporcionando-lhe uma consequência correspondente. E, no fundo, dar a perceber que as pessoas não podem fazer o que querem, que o viver em sociedade implica regras e que, se elas não forem razoavelmente cumpridas, isso trará efeitos nefastos para quem as quebra. No mínimo, porque há que proteger os mais fracos.

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