Os poderosos apresentam uma maior tendência para mostrar um elevado nível de exigência moral em relação aos outros, revelando-se depois muito menos rigorosos consigo próprios. Isto torna-se ainda mais evidente entre aqueles que acham que merecem e que têm direito à sua situação de poder.
Esta conclusão foi tirada após a realização de uma série de estudos de role-play, referentes a diversas situações que apresentavam dilemas morais.
Aqueles que eram mais exigentes consigo mesmos do que com os outros (um fenómeno chamado pelos investigadores de “hipercrisia”), pertencem ao grupo dos sem poder ou dos que, tendo-o, acham que pessoalmente não têm direito a ele.
Um dos investigadores, Adam Galinsky, fez notar:
No fim de contas, os hábitos de hipocrisia e de hipercrisia perpetuam a desigualdade social. Os poderosos impõem ao outros regras e restrições que eles próprios ignoram. Por outro lado, os sem poder colaboram na reprodução da desigualdade social porque não sentem que tenham o mesmo direito que os poderosos de as ignorar.
Por outras palavras, os sem poder vêm-se a si mesmos como mais vulneráveis às punições e acham-se sujeitos a regras mais estritas. Os mais poderosos acham que não têm de se submeter a tantas regras como os outros.
Vários estudos vieram demonstrar, por outro lado, que os que quebram as regras básicas do convívio social são vistos como tendo e podendo exercer mais poder, como se mostra aqui.
Há, portanto, nesta matéria múltiplos efeitos que conduzem não só à manutenção da desigualdade social, como também ao reforço da corrupção e do abuso de poder.
(via ScienceDaily)
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