tag:blogger.com,1999:blog-76021967935282763172024-03-14T11:49:24.103+00:00Onde Mudar... PsicologiaVede que não trabalhei só para mim, mas para todos aqueles que buscam a sabedoria. (Ben Sira)Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.comBlogger34125tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-3603604987234185672016-04-24T14:54:00.000+01:002016-04-24T14:54:45.976+01:00Não se resolve a vida como se resolve um problemaQuando as pessoas sentem que têm um problema a nível emocional ou cognitivo - emoções, pensamentos, memórias, sensações corporais ou impulsos - há um caminho que lhes parece inevitável percorrerem até ficarem bem.<br />
<br />
Assim, começa-se pela preocupação em descobrir as causas do que lhes está a suceder, isto é, as coisas erradas que fizeram. Depois, trata-se de fazer antecipações do que pode agravar o problema. Finalmente, mudam-se ou suprimem-se as causas, o problema desaparece e a pessoa fica normal.<br />
<br />
A vida deixa de ser algo para ser usufruído e passa a ser um problema a resolver. Este modo de pensar sobre a nossa vida mental, a que podemos chamar de resolução de problemas, e que é particularmente eficaz com a maioria das coisas no nosso mundo exterior, revela-se um fracasso quando se trata da nossa vida interior.<br />
Primeiro, porque ele revela que estamos com um problema, com algo que não é natural nem normal - mais um peso que se acrescenta ao que estamos a sentir. Afinal, não estamos apenas com dificuldades. De alguma forma, estamos errados; ou, pior, somos errados e maus. O que, por si só, é assustador.<br />
Depois porque, para viver uma vida normal, a nossa mente resolvedora de problemas considera que este erro tem de ser extirpado. Antes de conseguir fazer isso acontecer, acreditamos que não há nada que possamos fazer bem. Entretanto, há uma conclusão desanimadora: todos os esforços para corrigir o que estava errado, realizados até ao momento, só se têm saldado por um malogro. O que era assustador passa a ser alarmante.<br />
<br />
Há então que controlar as coisas antes que seja tarde demais. O primeiro passo é fazer desaparecer tudo o que provoca o nosso desequilíbrio. Infelizmente, quanto mais tentamos suprimir pensamentos, emoções, etc., mais frequente e intensamente eles têm tendência a aparecer.<br />
Perante este fiasco, abrimos uma segunda linha de ataque. Procuramos recordar quais as situações que contribuiram para agudizar o nosso mal-estar e antecipamos quais as que o irão possivelmente provocar. E evitamo-las. Só que aqueles acontecimentos mentais negativos continuam a inundar a nossa mente, sem os conseguirmos controlar. Ao mesmo tempo, vamos ficando cada vez mais sensíveis a eles. E evitamos ainda mais situações. E esforçamo-nos cada vez mais. Em vão.<br />
Quando já nada resulta, quando toda a esperança de voltar à normalidade se perde, recorre-se à última saída. E acaba-se com tudo.<br />
<br />
Esta é a nossa linha de ação que reputamos de sensata, apesar de tão pouco eficaz. Adoptamo-la, porque as nossas tentativas de controlar o nosso meio ambiente exterior funcionam em regra muito bem . Porque toda a nossa cultura nos diz e nos ensina a acreditar que tudo pode estar sob o nosso controlo ("Querer é poder"), incluindo a nossa vida interior. E não damos credibilidade nem consistência à nossa observação, à nossa experiência, de que o controlo aqui aplicado simplesmente não só não resulta, como cria mais sofrimento.<br />
<br />
[Mesmo na vida exterior, é possível darmo-nos conta que, muitas vezes, a resolução de um problema implica o aparecimento de um ou mais outros problemas!]<br />
<br />
Na verdade, por nos serem desagradáveis, classificamos aqueles acontecimentos mentais de "negativos", instantaneamente associados a "maus". Sendo "maus", têm de ser corrigidos, substituídos ou suprimidos.<br />
Ora, eles surgem na nossa mente para desempenharem uma função. Essa função é sempre, sempre de nos proteger, de contribuir para a nossa sobrevivência - eles podem ser "negativos", isto é, incomodativos; mas não serão nunca"maus".<br />
Não sendo "maus", eles podem e talvez devam ser vividos como o são os "positivos". E não serem encarados como problemas a resolver ou a fazer desaparecer. Tratam-se apenas de informação que o nosso cérebro nos transmite para regularmos a nossa vida (não para a evitar). Com tudo o que de bom e de menos bom ela nos traz. Para que nos preencha e não para que nos esvazie.<br />
<br />
<br />
<br />Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-74477461283153830022016-04-01T18:55:00.002+01:002016-04-01T18:55:18.427+01:00Cuidados a ter com preconceitos e outros erros de julgamento« (...) The lesson here is one of the most powerful in all psychology. The best predictor of future behavior is past behavior. You’re rarely going to do better than that. Honesty in the future is best predicted by honesty in the past, not by whether a person looks you steadily in the eye or claims a recent religious conversion. Competence as an editor is best predicted by prior performance as an editor, or at least by competence as a writer, and not by how verbally clever a person seems or how large the person’s vocabulary is.<br />
<br />
<br />
<br />
It’s possible to make fewer errors in judgment by following a few simple suggestions.<br />
<br />
Remember that all perceptions, judgments, and beliefs are inferences and not direct readouts of reality. This recognition should prompt an appropriate humility about just how certain we should be about our judgments, as well as a recognition that the views of other people that differ from our own may have more validity than our intuitions tell us they do.<br />
<br />
Be aware that our schemas affect our construals. Schemas and stereotypes guide our understanding of the world, but they can lead to pitfalls that can be avoided by recognizing the possibility that we may be relying too heavily on them. We can try to recognize our own stereotype-driven judgments as well as recognize those of others.<br />
<br />
Remember that incidental, irrelevant perceptions and cognitions can affect our judgment and behavior. Even when we don’t know what those factors might be, we need to be aware that much more is influencing our thinking and behavior than we can be aware of. An important implication is that it will increase accuracy to try to encounter objects and people in as many different circumstances as possible if a judgment about them is important.<br />
<br />
Finally, be alert to the possible role of heuristics in producing judgments. Remember that the similarity of objects and events to their prototypes can be a misleading basis for judgments. Remember that causes need not resemble effects in any way. And remember that assessments of the likelihood or frequency of events can be influenced simply by the readiness with which they come to mind.»<br />
<br />
in <a href="http://nautil.us/issue/32/space/the-bugs-in-our-mindware-rp">The Bugs in Our Mindware</a>, Richard E. Nisbett, 2016Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-22012141991519565142016-01-27T17:01:00.001+00:002016-01-27T17:01:56.669+00:00O artigo <i><a href="http://www.forbes.com/sites/toddessig/2016/01/24/an-american-psychiatric-horror-story/#37fcbce67ccc">An American Psychiatric Horror Story</a></i>, de Todd Essig, evidencia de modo claro a barbaridade para que se caminha quando, ao considerar o tratamento de perturbações mentais, os que têm o poder olham mais para o dinheiro do que para a pessoa.<br />
<br />
Aproveito para destacar outros as<span style="line-height: 14.5pt;">petos </span><span style="line-height: 19.3333px;">interessantes</span><span style="line-height: 19.3333px;"> </span><span style="line-height: 14.5pt;">deste artigo:</span><br />
<span style="line-height: 14.5pt;"><br /></span>
<div style="line-height: 14.5pt; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div style="line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm;">
<span lang="EN-GB">1 - "Let’s interfere as much as we can so we can
make therapy as ineffective as possible and then we can stop covering it
because it is not as effective as it should be."</span></div>
<div style="line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm;">
Em Portugal, talvez se aplique também ao
Serviço Nacional de Saúde ou à Escola Pública.<o:p></o:p></div>
<div style="line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm;">
<span lang="EN-GB">2 - “(...) a growing body of evidence suggests that
providing patients with their preferred treatment is associated with better
treatment retention and clinical outcome.” </span></div>
<div style="line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm;">
A reflec<span class="textexposedshow">tir: será aceitável que
impunhamos às pessoas uma determinada técnica ou linha psicoterapêutica,
principalmente quando ela não é da sua preferência (com o argumento de que a
pessoa está doente e não está capaz de saber o que é melhor para ela)?</span><o:p></o:p></div>
<div style="line-height: 14.5pt; margin: 4.5pt 0cm;">
<span class="textexposedshow"><br /></span></div>
<div style="line-height: 14.5pt; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span lang="EN-GB">3 - "(...) life is hard. There are limits to
growth and change.(...) Unlimited potential is a myth. The real secret is that
not everything is possible. We have to make the best of what we can’t change. And
there is lots we can’t change. But trumpeting unlimited potential is not the
promise of psychotherapy." </span></div>
<div style="line-height: 14.5pt; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
Certo.
Mas sem tentar e sem experimentar, nunca saberemos o que, ou até onde, podemos
mudar. E termino num registo mais esperançoso: acredito sinceramente que há
muita coisa que podemos mudar.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-10896142288996771902016-01-05T21:29:00.000+00:002016-01-09T15:58:57.339+00:00Consequências de diagnóstico de depressãoConsiderar a depressão como uma doença pode ter efeitos positivos e negativos para as pessoas:<br />
<br />
Positivos<br />
Não é culpa delas, já que "apanhar" uma doença, como uma gripe, dificilmente pode ser culpa de alguém. Deste modo tira-se um peso de cima destas pessoas, talvez um pouco fartas de ouvirem frases como "só tens que fazer um esforço", " vá lá, há gente com razões para ser muito mas infeliz que tu", etc.<br />
Ou cansadas de se auto-criticarem por não conseguirem superar sozinhas o seu mal-estar, ficam mais abertas à possibilidade de pedirem ajuda.<br />
<br />
Negativos<br />
Põe a origem do problema na pessoa deprimida, deixando na sombra e por questionar todo um contexto social, cultural e laboral que pode ter contribuído para essa situação; e que explicaria porque é que numa época de abundância (material, multi-terapêutica e espiritual) nunca antes vivida pela humanidade, bem como em sociedades caracterizadas por essa abundância, a depressão tem vindo a aumentar para números astronómicos.<br />
Facilita o recurso a medicamentos (se é uma doença...) que exigem tratamentos prolongados, com problemas de adição e de efeitos secundários muito incomodativos.<br />
Constitui um rótulo que se "cola" à pessoa para o resto da vida. E que pode estar errado, ainda por cima, pois muitas vezes a depressão esconde outro problema, esse sim o verdadeiro problema.Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-51175371479942069102015-12-12T12:00:00.002+00:002015-12-12T12:13:31.751+00:00Vergílio Ferreira e a ACT«ACT distinguishes between three major senses of "self". (...) These three senses are the conceptualized self, ongoing self-awareness, and self as perspective. Although our clients are often very familiar with their conceptualized selves, they are much less familiar with ongoing self-awareness and even less in contact with the most immutable aspect of self: a consciousness perspective or locus. (...)»<br />
<br />
Hayes, S., Strosahl, K., Wilson, K. (1999). <i>Acceptance and Commitment Therapy</i>. New York: The Guilford Press. (p.181)<br />
<br />
<br />
Vergílio Ferreira em 1957:<br />
<br />
«(...) Porque há três zonas no homem: a exterior, que é a da comunicação superficial e quotidiana; a interior, mas que é a do eu-indivíduo, o de "características", o que tem por dimensão a "psicologia"; e a anterior a essa, que é a do eu-pessoa, do eu profundo, do homem, e cuja dimensão é a "metafísica".»<br />
<br />
Ferreira, V. (1979). <i>Do Mundo Original</i>. Lisboa: Livraria Bertrand. (p.12)<br />
<br />
<br />
Extraordinário! Mais de 40 anos antes, Vergílio Ferreira escrevia sobre o eu experiencial e vivencial, o eu conceptualizado e o eu observador e conhecedor, definidos pela Acceptance and Commitment Therapy!<br />
<br />Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-6802053715448910782015-12-04T19:22:00.003+00:002015-12-12T11:40:33.648+00:00Uma forma de lidar com pensamentos perturbadores<a href="http://www.pixelthoughts.co/">http://www.pixelthoughts.co/</a>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-8074746734181605662015-12-04T19:00:00.000+00:002015-12-12T12:06:25.321+00:00A necessidade de um psicoterapeuta«O paciente em psicoterapia, como a criança pequena, por vezes pode ter muitas dificuldades em tomar consciência dos seus estados internos - ou até em se dar conta de que tem estados internos que são passíveis de serem conhecidos - até ao momento em que estes são reconhecidos por um outro.»<br />
<br />
Wallin, D. (2007). <i>Attachment in Psychotherapy</i>. New York: The Guilford Press. (pp144-145)Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-56750076587433869352015-09-20T18:00:00.000+01:002015-12-12T11:40:55.975+00:00Algumas das premissas em que se baseia o meu trabalhoQuais são as minhas crenças mais básicas e fundamentais que sustentam a minha prática e as minhas escolhas terapêuticas?<br />
<br />
Primeira, e talvez a mais importante de todas: para mim, não existem doenças, apenas pessoas. Pessoas com muito mais coisas em comum comigo e com os outros do que com coisas diferentes. Pessoas que talvez difiram no grau de intensidade, frequência ou duração do seu mal-estar; e que, por isso, viram as suas vidas complicarem-se para lá do que é suportável.<br />
<br />
Acredito também que não curo pessoas: ajudo-as a evocarem os seus próprios recursos, a organizá-los e a explorá-los cada vez melhor. Não pretendo que as pessoas mudem o conteúdo do seu ser (a investigação tem demonstrado que esta é, na maior parte dos casos, uma tarefa inglória), mas que apenas alterem o modo como se relacionam consigo mesmas e com os outros (e, através disso, os conteúdos serem alterados ao ritmo e à maneira da própria pessoa).<br />
<br />
Sei que a maior parte da pessoas faz o melhor que pode, que age e reage sem planear a maior parte das vezes, obedecendo a impulsos e no desconhecimento de como poderiam fazer melhor. Acredito firmemente que as pessoas são movidas pela sua biologia (incluindo a genética), pela sua história de vida (incluindo principalmente a forma como se relacionaram com a mãe nos seus primeiros tempos de vida), pelas forças sociais (incluindo as familiares, laborais e culturais) que as influenciam. E que, portanto, na maior parte dos casos, não têm culpa do que lhes acontece ou do que fazem (mas não lhes retiro a responsabilidade).<br />
<br />
Acredito que é uma dor interior a principal responsável pelo mal-estar das pessoas. Pode-se sofrer de doenças, de azares, de perdas, mas se esta dor interior não existir, tudo será suportado senão com alegria, pelo menos com calma e plenitude. Mas se ela estiver presente, não interessa quão bem possamos estar materialmente por que sofreremos de forma quase permanente e, pior, envolver-nos-emos em comportamentos com a intenção de aliviar essa dor, mas que só a fazem acentuar. Ah, e que não há ninguém que não tenha em si esta dor interior - porque não são perfeitas nem as pessoas nem as sociedades.<br />
<div>
<br />
Tenho observado que tudo aquilo que flui a partir daquela parte de nós que não é consciente (e que é a maior parte) funciona para nos proteger, para nos ajudar a manter íntegros, enfim, para nos ajudar a sobreviver ou, pelo menos, a escapar da dor. E que, na maioria dos casos, pode ser alcançado e ativado a nosso favor, recorrendo a técnicas adequadas. Por outras palavras, que o nosso inconsciente guarda todas as aprendizagens e vivências feitas e as disponibiliza consoante o que lhe for solicitado por nós e/ou pelo meio em que estamos inseridos.</div>
Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-46934920774454251052015-09-13T17:05:00.000+01:002015-12-12T11:41:11.379+00:00Fontes de sofrimentoQuais são as maiores fontes do nosso sofrimento enquanto seres humanos? As respostas variam consoante a história particular de cada um e o olhar que privilegiam (político, social, psicológico, etc). Dentro do domínio da Psicologia, dependem também da orientação teórica que é adotada.<br />
<br />
A minha experiência de terapeuta confirma o que representa agora um consenso geral. Muito do sofrimento que as pessoas vivenciam tem a sua origem em feridas psicológicas que resultam das suas Experiências Precoces de relacionamento com as figuras maternas e paternas (que, como aqui se deixa implícito, não têm de ser necessariamente a mãe e o pai biológicos). Refiro-me, em particular, a abandono, ou a abuso, ou ainda a negligência por parte destas figuras. Estas experiências e as suas sequelas talvez não possam ser mudadas; mas pode-se mudar a nossa relação com elas.<br />
<br />
Um segundo factor determinante na quantidade e qualidade do sofrimento que acumulamos nas nossas vidas tem a sua origem e alimento na Ignorância. Ignorância sobre qual a melhor forma de nos relacionarmos uns com os outros (a começar logo com as crianças pequenas) e de nos relacionarmos connosco próprios (e com tudo o que a nossa condição humana acarreta). E aqui a solução é simples (embora talvez não fácil): não só cultivar a abertura e a vontade de aprender, mas também permitirmo-nos pedir ajuda.<br />
<br />
Muitas formas pode tomar o sofrimento de cada um. Há uma parte que é inevitável, inerente à condição de seres humanos vivos: a doença, a perda, a morte. Mas há outra parte que é, digamos, "flutuante", varia de pessoa para pessoa. Neste último domínio podemos encontrar emoções desagradáveis em excesso (medo, vergonha, culpa, raiva, por exemplo), que distorcem a nossa adaptabilidade e sentido da realidade, e que conduzem a extremas dificuldades nos relacionamentos com os outros (família e não família).<br />
<br />
Uma última palavra para esta sociedade que parece proporcionar uma maior abundância (apenas para alguns, claro) em termos materiais e que, no resto, apenas tem feito por amplificar esse sofrimento. O poder, o explícito e aquele que não é visível, têm trabalhado para isto acontecer com fins claros de acumulação de riqueza e de conseguir uma maior subjugação da maioria por uma minoria. E não com fins de aumentar o bem-estar das pessoas e das famílias.Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-70342743214652517282015-09-12T15:31:00.001+01:002015-12-12T11:41:34.073+00:00Um Eu, muitos eu'sNós somos vários. Uma rede de eu's, fluida e dinâmica, em permanente mutação, constitui a nossa personalidade.<br />
<br />
O eu ansioso, o eu zangado, o eu triste, o eu auto-crítico, etc.<br />
<br />
Ou o eu cônjuge, o eu progenitor, o eu profissional.<br />
<br />
E, possivelmente, ainda dentro de cada um destes uma série de sub-eu's.<br />
<br />
Assim, quando digo "Eu sou um ansioso", quem está a falar é apenas uma parte de mim mesmo, não sou Eu, realmente. No fundo, trata-se de um padrão neuronal (nalguns casos, criado na infância por razões de sobrevivência ligadas ao contexto da criança; noutros, faz parte da biologia do cérebro, são como que arquétipos) que foi ativado em detrimento de outros.<br />
<br />
Constituem uma rede que pode ser comparada a uma orquestra ou a uma equipa desportiva. Cada um dos seus elementos pode ser considerado como semi-independente, pois pode funcionar em colaboração ou não com os outros.<br />
<br />
Quando funcionam em harmonia e equilíbrio, quase se não dá conta deles: vamos fluindo de uns para os outros, consoante o que as circunstâncias nos solicitam, sem grandes conflitos (ou, se eles surgirem, são satisfatoriamente resolvidos).<br />
<br />
Não basta isto, no entanto, para um funcionamento promotor de uma vida feliz e de um crescimento gratificante. É necessário que não se assista a um predomínio de eu's a criarem mais dificuldades do que a resolvê-las. E é preciso que o eu dominante, ou seja aquele que coordena, que está por detrás do funcionamento daqueles outros, seja o que mais abertura e nutrição proporcione. Há quem chame a esse eu, o Verdadeiro Eu.<br />
<br />
A fim de que isso possa acontecer, que a relação entre eu's mude, que aceitem inclusivamente mudar-se a si próprios, é necessário que haja um Eu em quem confiem e que os possa orientar nessas mudanças. Pessoalmente, e assumindo uma herança que veio primeiramente das religiões, considero que aquele que tem melhores condições para satisfazer estas condições é o Eu Compassivo.Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-77399559735764265662011-09-27T21:07:00.004+01:002011-09-27T21:23:03.265+01:00Exercício físico: algumas considerações terapêuticasNo caso de doenças degenerativas, o exercício pode ajudar os mecanismos de reparação dos danos depois do eclodir da doença. Mas também antes da doença ocorrer, o exercício físico modifica o ambiente cerebral fornecendo uma protecção extra aos neurónios. As terapias farmacológicas são menos bem sucedidas.<br />
<br />
(<i><a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/08/110815095727.htm">Exercise may help prevent brain damage caused by Alzheimer´s disease</a></i>)<br />
<br />
<br />
O exercício físico é definido como uma actividade física aeróbica suficiente para fazer subir a frequência cardíaca e aumentar as necessidades de oxigénio do corpo. Desempenha um papel importante na prevenção da demência e do enfraquecimento cognitivo, bem como na modificação favorável destes processos quando eles surgem. Uma causa para isto acontecer consiste na capacidade do exercício para gerar factores tróficos (sem os quais as células morrem) que promovem o funcionamento cerebral, para além de facilitar conexões cerebrais (neuroplasticidade)<br />
<br />
(<i>Revisão de literatura - <a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/09/110907163919.htm">Aerobic exercise may reduce the risk of dementia, researchers say</a></i>)<br />
<br />
<br />
O exercício físico gera mitocôndrias (que fornecem energia onde ela é necessária) tanto nas células musculares como nas cerebrais, gerando efeitos mentais positivos, nomeadamente no alívio da depressão e no desenvolvimento da memória. O exercício físico torna o cérebro mais resistente à fadiga e pode servir de tratamento para distúrbios quer psiquiátricos quer genéticos, bem como para atenuar os efeitos negativos do envelhecimento.<br />
<br />
<i>(<a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/09/110919113849.htm">Have brain fatigue? A bout of exercise may be the cure, mouse study suggests</a>)</i><br />
<i>e ainda (<a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/07/110725132656.htm">Exercise has numerous beneficial effects on brain health and cognition, review suggests</a>)</i><br />
<br />
<br />
Uma intervenção no sentido de levar as pessoas a fazer exercício físico não se pode basear numa abordagem cognitiva apenas: o facto de as pessoas ficarem a perceber os seus benefícios não é suficiente para uma mudança de atitude. É preferível focar a intervenção em estratégias de mudança de comportamento: "feedback, goal setting, self monitoring, exercise prescription and stimulus or cues".<br />
<br />
(<i><a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/02/110217171342.htm">To increase physical activity, focus on how, not why</a></i>)Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-64055077067216619292011-08-25T14:56:00.004+01:002011-08-25T15:04:15.700+01:00Quem gosta de Psicologia Clínica...... não perderá o seu tempo a ver <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/In_Treatment">In Treatment</a> (Terapia), uma série televisiva que retrata o que se passa no consultório de um psicoterapeuta, papel desempenhado por Gabriel Byrne. Cada episódio representa uma consulta num dia da semana; à 6ª feira, o terapeuta vai, ele próprio, a uma consulta de psicoterapia.<br />
<br />
Vi o <a href="http://youtu.be/XXllJvnajcc">episódio 1</a> e gostei imenso. Para além da dramatização que torna o episódio interessante por si mesmo (tem uma duração de aproximadamente meia hora), ele suscitou-me várias questões que indico a seguir:<br />
- Porque é que o psicoterapeuta, Paul, não deu à cliente, Laura, nada a que ela se pudesse agarrar para não ir ao fundo durante a semana até uma nova consulta? Não se disponibilizou para uma sessão extra, não sugeriu nenhuma estratégia de "coping", nada, deixou-a sair completamente perdida.<br />
- Porque é que Paul não verbaliza reconhecer a dor e o sofrimento de Laura? Parece-me que ele acaba, assim, por humilhá-la desnecessariamente (como ela própria se queixa).<br />
- Dentro do condicionalismo da armadilha em que ela própria caiu, não revela Laura uma atitude exemplar? Ora, ela não dificulta nada a vida a Paul; não só não recorre a manipulações emocionais, do tipo de se fazer de vítima, de pedir conforto, de ameaçar o suicídio, etc., como até é ela que refere que o tempo da consulta chegou ao fim.<br />
- Paul fez bem em deixar absolutamente claro que ele não representa nunca uma opção de relação afectiva profunda. Voltamos à questão já referida atrás: terá ele feito igualmente bem em não iluminar algumas alternativas?Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-58158261092483838352011-08-07T20:03:00.000+01:002011-08-07T20:03:00.511+01:00Empregados satisfeitos, clientes muito mais satisfeitos!<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
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</style> <![endif]--> <h1><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Há investigações que só vêm evidenciar aquilo que é óbvio… ou que devia ser óbvio!</span></h1><h1><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h1><h1><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">É o caso deste estudo que demonstra que a ligação entre a satisfação dos consumidores e a sua lealdade (voltarem à loja e convidarem amigos a fazerem o mesmo) é quase duas vezes mais forte quando os empregados estão satisfeitos com o seu trabalho. Ou seja, não é suficiente procurar ir ao encontro das necessidades dos clientes para se conseguirem os melhores resultados.</span></h1><h1><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h1><h1><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Algumas ideias para melhorar a satisfação no trabalho:</span></h1><h1><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">1) Treinar e conceder poder aos empregados para que possam tomar as melhores decisões que beneficiam tanto a companhia como o cliente. </span></h1><h1><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">2) Contratar gestores que sirvam como exemplos e que possam actuar como conselheiros junto dos empregados.</span></h1><h1><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">3) Criar uma boa atmosfera de trabalho, oferecendo incentivos ou benefícios não materiais (por exemplo, horário flexível de trabalho).</span></h1><h1><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h1><h1><span lang="EN-GB" style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">To Boost Customer Satisfaction, Owners Should Pay Attention to Employee Job Satisfaction (2011), <a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/06/110601131751.htm?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+sciencedaily%2Fmind_brain+%28ScienceDaily%3A+Mind+%26+Brain+News%29">Science Daily</a>.</span></h1>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-13062802070648647782011-08-05T19:04:00.004+01:002011-08-05T19:04:01.095+01:00Cultura dá saúde e bem-estar!<div class="MsoNormal">Um estudo norueguês, que envolveu 50 797 participantes, analisou a relação entre a participação em actividades culturais comunitárias e a saúde.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Concluiu-se que o estar envolvido em actividades culturais, quer passivamente (como ir ao teatro ou a uma galeria de arte) quer activamente (participando no processo criativo), estava correlacionado com bons níveis não só de saúde, mas também de satisfação em relação à vida, e baixos níveis de ansiedade e depressão.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ou seja, não é só a actividade física que contribui para bons níveis de saúde, física e mental. Além disso, quanto mais actividades culturais forem, melhor as pessoas se sentem.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt;">Theater-Goers, Volunteers Take Heart: Cultural Activities Are Good for Your Health, Norwegian Study Find (2011), <a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/05/110523201050.htm?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+sciencedaily%2Fmind_brain+%28ScienceDaily%3A+Mind+%26+Brain+News%29">Science Daily</a>.</span>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-66131661861205165112011-08-02T19:04:00.000+01:002011-08-02T19:04:11.345+01:00O sorriso atrai? Depende de quem sorri…<div class="MsoNormal">Existem diferenças acentuadas na forma como os dois sexos reagem a expressões emocionais de felicidade, de vergonha ou de orgulho. O estudo aqui relatado debruça-se sobre a relação entre emoções e atracção, mas apenas explora as primeiras impressões de atracção sexual a imagens do sexo oposto.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O estudo concluiu que as mulheres se sentiam menos atraídas por homens sorridentes e com ar feliz, preferindo os que se mostram orgulhosos e poderosos ou melancólicos (moody) e envergonhados.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Pelo contrário, os homens sentiam-se mais sexualmente atraídos por mulheres que pareciam felizes, e menos por aquelas que se mostravam orgulhosas e confiantes.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Segundo parece, o sorriso está associado a um défice de superioridade (dominance) indo ao encontro das normas tradicionais de género que associam a submissão e a vulnerabilidade às mulheres. Já a expressão de orgulho acentua os traços masculinos, construindo um perfil de homem forte e silencioso.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Finalmente, mostrar-se envergonhado está associado à consciência de normas sociais e a comportamentos de apaziguamento, o que desencadeia a confiança à sua volta. Esta pode ser a explicação que está por detrás da surpreendente força de atracção que este traço exerce em ambos os sexos, já que tanto homens como mulheres preferem um parceiro em quem possam confiar.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaRaml57iw3XoR0qOkQK88xDYT7eAyzao2Mh8zzuymG7lEub8xYHLzCI_JcgBXbgJ31C67BqomB9dRLztlCcd1RbGRntt3pulHeMoY373XwIDaIsJHN-p-DdwU9pbUXYnlgvjhaL4-Kvg/s1600/110524070310-large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaRaml57iw3XoR0qOkQK88xDYT7eAyzao2Mh8zzuymG7lEub8xYHLzCI_JcgBXbgJ31C67BqomB9dRLztlCcd1RbGRntt3pulHeMoY373XwIDaIsJHN-p-DdwU9pbUXYnlgvjhaL4-Kvg/s320/110524070310-large.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><i>Sample stimuli. (Credit: Image courtesy of University of British Columbia)</i></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span lang="EN-GB">Happy Guys Finish Last, Says New Study on Sexual Attractiveness (2011), <a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/05/110524070310.htm?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+sciencedaily%2Fmind_brain+%28ScienceDaily%3A+Mind+%26+Brain+News%29">Science Daily</a>.</span></div>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-10508810124944962512011-07-31T15:18:00.002+01:002011-07-31T15:20:05.373+01:00Combater a depressão com armas caseiras<div class="MsoNormal">Eis uma nova abordagem para o tratamento de depressões pouco intensas: PAI – Positive Activity Interventions.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Os autores deste <a href="http://www.liebertonline.com/doi/pdf/10.1089/acm.2011.0139">estudo</a> procederam a uma revisão extensa e aprofundada da literatura científica relacionada com as PAI. E que concluíram eles?</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Sendo a depressão uma doença a crescer de dia para dia, com cada vez menos gente a receber tratamento adequado, com cerca de um terço dos que são tratados a não sentirem melhoras, as PAI surgem como tratamento complementar ou uma alternativa de tratamento prática, barata, fácil de integrar numa rotina diária e que não exige acompanhamento médico.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O que são as PAI? São actividades deliberadas que incluem escrever cartas de agradecimento, contar as dádivas que recebe, praticar o optimismo, realizar actos de bondade, meditar em sentimentos positivos dirigidos para as outras pessoas e usar as suas próprias “signature strengths” (são traços do nosso carácter com os quais, quando postos em acção, percebemos que somos naturalmente bons e que são uma fonte importante de emoções positivas para nós).</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span lang="EN-GB">Referência:</span></div><div class="MsoNormal"><span lang="EN-GB">Restoring Happiness in People With Depression (2011), <i><a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/07/110729175803.htm?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+sciencedaily%2Fmind_brain+%28ScienceDaily%3A+Mind+%26+Brain+News%29">Science Daily</a></i>.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-7849466750222681152011-07-30T21:30:00.000+01:002011-07-30T21:30:09.563+01:00Carácter forte? Isso é o que veremos...<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if !mso]><img src="http://img2.blogblog.com/img/video_object.png" style="background-color: #b2b2b2; " class="BLOGGER-object-element tr_noresize tr_placeholder" id="ieooui" data-original-id="ieooui" /> <style>
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</style> <![endif]--> <div class="MsoNormal">Segundo David DeSteno e Piercarlo Valdelsolo, o nosso carácter, aquilo que modela o nosso comportamento moral, é pouco mais do que uma ficção. Porque ele, na realidade, é profundamente condicionado pela situação em que a pessoa se encontra num dado instante.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"> </div><div class="MsoNormal">Por outras palavras o nosso comportamento moral é tudo menos constante. Já tínhamos visto no post anterior que ele dependia muito de sentirmos ou não que alguém nos está a observar (daí que o poster com os olhos a fixarem-nos ser muito menos eficaz quando há muita gente à nossa volta, porque assim diminui a probabilidade de alguém estar atento ao que fazemos).</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ou seja, o nosso carácter funciona em fluxo. Quando a vida, num dado momento, nos apresenta um dilema, em termos de ganho imediato ou a longo termo, por exemplo, o nosso comportamento pode vir a constituir uma verdadeira surpresa, até mesmo para nós próprios!</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Quer isto dizer que somos arrastados por forças que não controlamos? Que não somos responsáveis pelo que fazemos? De maneira nenhuma. Apenas se defende aqui que o comportamento moral não é determinado unicamente pelas nossas boas intenções. Portanto, a questão fundamental que se deve pôr não é se tu tens um bom carácter, mas sim se, aqui e neste exacto momento, tu és de facto uma boa pessoa .</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span lang="EN-GB">Referência: </span></div><div class="MsoNormal"><span lang="EN-GB">Gareth Cook (2011), Authors David DeSteno and Piercarlo Valdelsolo argue that much of our good and bad behavior is situational, <a href="http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=psychologists-put-character-under-microscope&WT.mc_id=SA_CAT_MB_20110511"><i>Scientific American</i></a>.</span></div>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-27980567121915334352011-07-29T22:24:00.000+01:002011-07-29T22:24:06.577+01:00Como nos portamos melhor quando sentimos alguém a olhar para nós<span style="font-family: "Courier New";"></span> <br />
<div class="MsoNormal">As pessoas portam-se melhor, isto é, têm mais em atenção a colectividade quando se sabem observadas, do que quando pensam que ninguém as está a ver.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Uma investigação levada a cabo na cantina principal da Universidade de Newcastle por Ernest-Jones, Nettle e Bateson (2011) (em meio natural, não em laboratório, portanto) veio demonstrar que nem sequer é preciso estar alguém fisicamente a observar-nos: um poster com um par de olhos a olhar fixamente para nós é quanto basta. O número de pessoas a arrumar a sua travessa com os restos de comida duplicava quando esse poster estava na parede (além disso, os resultados melhores eram obtidos quando havia pouca gente).</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ah, mas os clássicos gregos já tinham pensado nisto (como em quase tudo o que pensamos ter “descoberto” na nossa época).</div><div class="MsoNormal">(Agradeço à <a href="http://senhorasocrates.blogspot.com/">Senhora Sócrates</a> a referência)</div><div class="MsoNormal">Ora, veja-se em Sofistas – Testemunhos e Fragmentos (2005, pp. 260-261)) o que Eurípedes faz dizer a Sísifo na peça do mesmo nome (de que só restam fragmentos):</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">«Em seguida, uma vez que as leis os impediam</div><div class="MsoNormal">de praticar manifestos actos de violência</div><div class="MsoNormal">e eles os praticavam às ocultas, parece-me que nesta altura</div><div class="MsoNormal">[pela primeira vez] um certo homem, ousado e sábio na maneira de pensar</div><div class="MsoNormal">inventou o receio [dos deuses] para os mortais, para que</div><div class="MsoNormal">os malvados tivessem receio de fazer</div><div class="MsoNormal">ou dizer ou pensar [algo] às ocultas.»</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ainda na obra citada (pp. 259-260) se refere o seguinte:</div><div class="MsoNormal">«Também Crítias, um dos que exerceram a tirania em Atenas, parece pertencer ao grupo dos ateus, ao dizer que os antigos legisladores conceberam a divindade como uma determinada entidade que observa as boas e as más acções dos homens, a fim de que ninguém cometesse, às ocultas, uma injustiça para com o próximo, precavendo-se de um castigo por parte dos deuses.»</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Referências:</div><div class="MsoNormal">Sander van der Linden (2011). <a href="http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=how-the-illusion-of-being-observed-can-make-you-better-person">How the illusion of being observed can make you a better person</a>, <i>Scientific American</i>, 2011.</div><div class="MsoNormal">Sofistas (2005). <i>Testemunhos e Fragmentos.</i> Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda.</div>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-38245672512238588892011-07-18T21:59:00.003+01:002011-07-18T21:59:00.180+01:00O poder inspira hipocrisia<div class="MsoNormal">Os poderosos apresentam uma maior tendência para mostrar um elevado nível de exigência moral em relação aos outros, revelando-se depois muito menos rigorosos consigo próprios. Isto torna-se ainda mais evidente entre aqueles que acham que merecem e que têm direito à sua situação de poder.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Esta conclusão foi tirada após a realização de uma série de estudos de role-play, referentes a diversas situações que apresentavam dilemas morais.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Aqueles que eram mais exigentes consigo mesmos do que com os outros (um fenómeno chamado pelos investigadores de “hipercrisia”), pertencem ao grupo dos sem poder ou dos que, tendo-o, acham que pessoalmente não têm direito a ele.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Um dos investigadores, Adam Galinsky, fez notar:</div><div class="MsoNormal"><i>No fim de contas, os hábitos de hipocrisia e de hipercrisia perpetuam a desigualdade social. Os poderosos impõem ao outros regras e restrições que eles próprios ignoram. Por outro lado, os sem poder colaboram na reprodução da desigualdade social porque não sentem que tenham o mesmo direito que os poderosos de as ignorar.</i></div><div class="MsoNormal"><br />
Por outras palavras, os sem poder vêm-se a si mesmos como mais vulneráveis às punições e acham-se sujeitos a regras mais estritas. Os mais poderosos acham que não têm de se submeter a tantas regras como os outros.<br />
<br />
Vários estudos vieram demonstrar, por outro lado, que os que quebram as regras básicas do convívio social são vistos como tendo e podendo exercer mais poder, como se mostra <a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2009/12/091229105906.htm">aqui</a>.<br />
<br />
Há, portanto, nesta matéria múltiplos efeitos que conduzem não só à manutenção da desigualdade social, como também ao reforço da corrupção e do abuso de poder.<br />
<br />
</div><div class="MsoNormal"> (via <a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2009/12/091229105906.htm">ScienceDaily</a>)</div>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-18132974075267736232011-07-17T21:45:00.004+01:002011-08-01T18:59:10.791+01:00A linguagem e… o amor!<div class="MsoNormal">Já se sabia que relações bem sucedidas dependiam de os membros do casal partilharem interesses, valores e traços de personalidade comuns.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Mas num estudo conduzido por James Pennebaker verificou-se que quanto mais palavras gramaticais (preposições, pronomes, conjunções, etc) em comum o casal usava, mais atraídos se sentiam um pelo outro, independentemente do que pareciam que tinham em comum.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Noutro estudo, ao analisar estas palavras gramaticais em casais, quantas mais tinham em comum, maior era a a probabilidade de se manterem juntos três meses depois.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A questão que se pôs então foi de ordem temporal: as pessoas sentem-se atraídas pelo uso comum daquelas palavras; ou, por se sentirem atraídas, alinham depois o uso daquelas palavras um pelo outro?</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Pennebaker acredita mais nesta última hipótese, dado que ela revela que os casais mais bem sucedidos são os que mais prestam atenção um ao outro, são os que mais se ouvem um ao outro.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">(via <a href="http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=the-language-of-love&WT.mc_id=SA_CAT_SP_20110523">Scientific American</a>) </div>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-91088485809395835792011-07-16T21:14:00.000+01:002011-07-16T21:14:26.283+01:00A percepção da morte varia culturalmente<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
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</style> <![endif]--> <div class="MsoNormal">A forma como as pessoas pensam sobre a morte varia culturalmente de modo significativo.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Neste estudo, verificou-se que as pessoas de origem ocidental, que são mais individualistas, e provavelmente para proteger o seu sentido do eu, tornam-se mais duras, intolerantes e distantes em relação aos outros, principalmente se estes não forem como elas. Além disso, distanciam-se de vítimas inocentes.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">As pessoas de origem asiática, cujo sentido do eu está mais ligado às pessoas que as rodeiam, mostram-se mais bondosas e compreensivas, quer com aqueles que diferem de si, quer com as vítimas inocentes. Daí que estas pessoas, quando se sentem ameaçadas pela sua própria mortalidade, tendam a aproximar-se dos outros.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div>(via <a href="http://www.sciencedaily.com/releases/2011/05/110524153530.htm?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+sciencedaily%2Fmind_brain+%28ScienceDaily%3A+Mind+%26+Brain+News%29">ScienceDaily</a>)Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-24428669207852415352011-04-24T10:32:00.001+01:002011-04-24T10:32:00.260+01:00Páscoa, Renascimento. Uma possibilidade para o Homem.«Todavia, o maior hino ao homem e ao seu poder é entoado, no final do séc. XV, por Pico della Mirandola no discurso com que pretendia abrir o 'congresso', em Roma, de todos os grandes sábios, por ele preparado e que só a condenação das suas teses veio a inviabilizar.<br />
<br />
Com efeito, esse discurso, que chegou até nós com o título de <i>Oratio de hominis dignitate</i>, constitui um dos mais belos monumentos e dos mais expressivos testemunhos que o Renascimento nos legou sobre a confiança do homem em si próprio, do homem que de artista se torna também ele obra de arte, ao fazer-se através da sua acção, ao ser, no fundo, autêntico mago de si próprio.<br />
<br />
Metaforicamente, o tema é introduzido através de um discurso colocado na boca de Deus, após a criação de Adão. Ouçamo-lo:<br />
<br />
'Não te dei, Adão, nem um lugar determinado, nem um aspecto próprio, nem qualquer prerrogativa especificamente tua, para que o lugar, o aspecto e a prerrogativa que desejares os obtenhas e conserves segundo a tua vontade e o teu parecer.<br />
<br />
A natureza limitada dos outros está contida dentro de leis por mim prescritas. A tua determina-la-ás tu, sem seres constrangido por nenhuma barreira, de acordo com o teu arbítrio, a cujo poder te submeterás.<br />
<br />
Coloquei-te no meio do mundo, para que de lá melhor descubras o que há no mundo.<br />
<br />
Não te fiz celeste nem terreno, mortal nem imortal, para que por ti próprio, como livre e soberano artífice, te plasmes e te esculpas na forma que previamente escolheres.<br />
<br />
Poderás degenerar nas coisas inferiores que são rudes; poderás, segundo a tua vontade, regenerar-te nas coisas superiores que são divinas.'<br />
<br />
Este texto magnífico que muitos já quiseram aproximar de um pré-manifesto de existencalismo de tipo sartreano (a existência precede a essência) mostra bem como o homem se assume como construtor de si próprio. (...)»<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
(João Maria André, <i>Renascimeno e modernidade: do poder da magia à magia do poder</i> (2005). Edições MinervaCoimbra.)<br />
<br />
<br />
(a divisão dos parágrafos, para uma leitura mais cómoda, é da minha responsabilidade)Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-25735077437452548522011-04-22T15:52:00.001+01:002011-04-23T09:45:18.423+01:00"Not What We Say, But What We Do: (...)"No início dos anos 60, Stanley Milgram realizou uma série de experiências em que mostrou que as pessoas, apesar de terem a opinião de que jamais fariam mal a uma vítima indefesa, acabam por o fazer sob a pressão de determinadas circunstâncias reais. A circunstância que Milgram escolheu foi a da autoridade, em relação à qual os participantes tinham que escolher obedecer ou não. A esmagadora maioria escolheu obedecer.<br />
<br />
(Ver <a href="http://ondemudar.blogspot.com/search?q=milgram">aqui</a> uma série de posts que fiz sobre as experiências de Milgram)<br />
<br />
A 4 de Abril de 2011, no encontro anual da Cognitive Neuroscience Society, Oriel FeldmanHall e outros investigadores da Universidade de Cambridge apresentaram os resultados de uma investigação<br />
<br />
(<i>Not What We Say, But What We Do: A Neural Basis For Real Moral Decision-Making.</i> Oriel FeldmanHall, Tim Dalgleish, Russell Thompson, David Evans, Susanne Schweizer, Dean Mobbs - Cambridge University e Medical Research Council Cognition and Brain Sciences Unit - o respectivo abstract pode ser lido <a href="http://www.cnsmeeting.org/documents/CNS2011_Program.pdf">aqui</a>, bastando depois ir à pág. 27 do pdf, 24 do programa.)<br />
<br />
semelhante à de Milgram, embora com algumas diferenças:<br />
- A circunstância real escolhida não foi a autoridade, mas o dinheiro: não se davam ordens aos participantes, pagava-se-lhes para administrarem electrochoques dolorosos a outras pessoas;<br />
- Os participantes eram submetidos a uma ressonância magnética durante a experiência;<br />
- Este estudo, com objectivos mais modestos, não é tão completo e exaustivo como o de Milgram. No entanto, os resultados são igualmente espantosos.<br />
<br />
Observou-se uma diferença profunda entre o que as pessoas pensam hipoteticamente que vão fazer e o que farão em circunstâncias reais.<br />
<br />
64% das pessoas inquiridas afirmaram que nunca administrariam electrochoques a outros por dinheiro.<br />
<br />
96% das pessoas <u>administraram mesmo</u> electrochoques a terceiros, apenas para receberem até 1£ por cada um (o que recebiam dependia do grau de intensidade do choque que escolhessem aplicar). Tinham, no máximo, 20 tentativas. Testemunhavam os efeitos dos choques através de um sistema de vídeo.<br />
<br />
Deste grupo de participantes, os que viram apenas a mão da vítima "fizeram" uma média de 15,77£ (de um máximo de 20).<br />
Os que viram a mão e o rosto da vítima "fizeram" uma média de 11, 55£.<br />
<br />
<br />
Via <a href="http://www.wired.com/wiredscience/2011/04/shocking-experiment-money/">Wired Science</a>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-21285670519819734272011-03-20T21:16:00.007+00:002011-03-21T22:33:38.212+00:00Métodos quantitativos vs. qualitativos<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
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</div><!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
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</style> <![endif]--> <div class="MsoNormal">Quando li esta história deste delicioso livro de contos, percebi que este era um bom exemplo de como uma investigação quantitativa pode falhar.</div><div class="MsoNormal">Se fosse apresentado um questionário à tia Eloísa, ela responderia simplesmente “Ateia” no item “Confissão religiosa”. Mas, como vemos pela história, há nuances que um questionário seco e frio deixaria escapar completamente. Não, seria preciso uma boa conversa, ou seja um bom método qualitativo de investigação, para perceber o que esta história nos deixa entrever. </div>Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7602196793528276317.post-60140849322843345052011-02-27T18:47:00.003+00:002011-02-27T18:51:15.135+00:00O valor actual do conhecimento científicoAo longo da história, o pensamento racional e científico tem vindo a colocar em posição dominante os critérios da objectividade, do real e do verdadeiro, em detrimento dos critérios que nascem do senso comum e da sensação ou da intuição.<br />
Sherry Turkle, no seu livro "O Segundo Eu" de 1984, já tinha alertado para o seguinte: enquanto o ser humano tinha os animais como entidades mais próximas, ele identificar-se-ia por oposição como ser racional. Agora que as entidades mais próximas são os computadores e máquinas, ela previa que os seres humanos iriam identificar-se, mais uma vez por oposição, como seres emocionais e intuitivos.<br />
A verdade é que as pessoas têm vindo a valorizar a emoção e a intuição como formas de aceder ao conhecimento. Muitos consideram mesmo que a razão e a ciência são empecilhos ao conhecimento autêntico. E, cada vez mais, tanto pessoas incultas como cultas aderem a estes pontos de vista.<br />
Este estado de coisas é tanto mais paradoxal quanto o nível de instrução das pessoas tem vindo a subir de forma significativa. Porque acontece isto?<br />
Uma explicação possível reside no facto de a educação facultada às pessoas ter-se vindo a tornar progressivamente mais laxista. As pessoas saem, assim, do sistema de ensino sem um conhecimento solidamente constituído.<br />
Antigamente, havia muita gente analfabeta, mas era gente que respeitava o saber. O que há de diferente hoje é que os jovens não respeitam o saber. Chegam mesmo a reduzir o conhecimento científico a uma mera opinião, a algo de facilmente descartável face a outra qualquer representação do mundo que os atraia mais e que "intuitivamente" lhes pareça ser mais verdadeira.<br />
<br />
Não tenho uma visão antropocêntrica do conhecimento, admito mesmo que provavelmente não existe uma forma única de fazer ciência. Também desconfio de muito conhecimento que se arroga de científico e que, depois, dá provas do mais absoluto desastre (como a Macroeconomia).<br />
Mas preocupa-me que todos os tipos de conhecimento sejam igualmente valorizados. Chega mesmo a assustar-me que as pessoas achem que todas as proposições, por mais absurdas e estapafúrdias que sejam, podem assumir o estatuto de conhecimento. Porque, ao contrário do que se quer fazer crer, não são portas que se abrem para o desenvolvimento da humanidade (são-no apenas para os oportunistas).Rui Diniz Monteirohttp://www.blogger.com/profile/03136148497638866030noreply@blogger.com0